Confesso que sempre tive uma certa fascinação pelos heróis, desses que inspiram a gente a seguir com nossos sonhos e objetivos nos fazendo acreditar que esse mundo ainda possa valer a pena.
Mesmo com a barreira de uma abordagem muito romantizada, ainda gosto de ver aquelas pessoas simples, sem muito dinheiro, sem graça e consideradas inferiores às outas, salvarem o dia num ato heroico e glamuroso ressaltando os bons valores e os mais fracos.
Os personagens da Marvel parecem ter essa característica de fazer o cara simples do subúrbio travar batalhas pelo destino de seu povo e Capitão América circulando pela mídia serve para nos alertar que está na hora de idolatrarmos mais um herói que chega para alimentar nossa inspiração. O consumo de produtos tais como brinquedos, gibis, itens de coleção aumentam consideravelmente durante um período e com eles também chegam os games adaptados...um conceito sempre muito delicado e quase nunca proveitoso servindo mais para completar o momento auge do herói do que para agradar os verdadeiros gamers que sempre esperam uma boa adaptação. Se você se pergunta se Capitão América cumpriu bem a tarefa de ser um bom game ou pelo menos ser tão legal quanto filme, lhe adianto que é não bem assim.
Captain America: Super Soldier é só mais um jogo bem mediano que não vai fazer muita diferença em sua coleção mas pode oferecer umas horinhas de diversão sem muito compromisso.
Em minha vida gamer obviamente não é a primeira vez que jogo algum game baseado em um filme ou personagem que está em fama no momento. Porém, a sensação é sempre a mesma: parece que o jogo foi feito às pressas para dar tempo der ser lançado durante o período do filme, pois parece que se fosse lançado mais tarde, as pessoas iriam se esquecer da febre do momento e consequentemente não iriam experimentar o jogo.
Resumindo, as adaptações parecem apenas contribuir para o grande leque de produtos que compõe uma franquia, e no caso dos games, esses não parecem ser pensados para o público mais engajado, parecem sempre destinado aos mais casuais.
Comecei a jogar Capitão América sem ter grandes esperanças. Desenvolvido pela Next Level Games, duvidei que a adaptação se livraria dos fantasmas da pressa e do consumismo e alguns minutos de jogo confirmaram aquilo que eu já venho experimentado à gerações.
Se você espera um game altamente baseado no filme do super-herói, acho melhor rever suas expectativas. Super Soldier tem um enredo levemente inspirado no longa deixando de lado as partes emocionantes e apresentando a história de maneira superficial e meio sem graça.
Isso já faz com que o game perca um pouco da qualidade e não para por aí. A parte técnica também não ajuda muito deixando o jogo com um aspecto não terminado e com alguns “bugs” semelhante a games da geração passada.
O gráfico de Super Soldier por si só não enche os olhos, se não fosse alguns efeitos de luz e cores vivas em partes do cenário, diria que Capitão América é quase um título que passou longe da alta definição. Algumas texturas trazem o conhecido efeito “lavado”, ambientes foscos, movimentação esquisita e um pouco de lentidão.
Bem que a Next Level poderia utilizar mais tempo da produção para lapidar mais o título deixando-o com uma aparência mais agradável.
São fatos como esse que me faz pensar qual é a real importância dos processadores dos consoles, já que seja nesta geração ou na milésima, parece que sempre vai haver jogos que não vão utilizar toda a tecnologia.
Mas ainda decidi apostar na aventura em si, esperando emoções e bons momentos de ação mas o que eu encontrei foi um jogo bastante linear que pode ser simpático em algumas ocasiões, divertido para aquelas horas em que se quer descansar de um game mais hardcore e aumentar suas conquistas.
Quando falo em linearidade, pode apostar em cheio nesta palavra pois tudo no game é bastante previsível e fácil de aprender. Basicamente o que você deve fazer é andar pelos cenários, lutar contra inimigos, coletar itens e terminar os capítulos...simples assim.
Se parte do jogo consiste em lutas, pelo menos nisso o jogo agrada. O sistema de batalhas contra os inimigos é bem eficiente e conta com uma jogabilidade bastante acessível que permite que o jogador defenda-se dos oponentes mais fortes sem muito esforço lançando mão do escudo do personagem (que vem muito a calhar) e de golpes físicos executados pelo capitão. Ainda bem, pois se o sistema de lutas não funcionasse, muito pouco seria aproveitável.
Há ainda a possibilidade de execução de algumas manobras para atingir lugares mais inacessíveis, todas fáceis de serem executadas e sem nenhum segredo, apenas uma perfumaria mais para interagir com o jogo.
E para tudo não ficar óbvio e fácil demais, algumas vezes será necessário lidar com muitos guardas ao mesmo tempo na companhia de alguma aberração que dispara uma arma de grosso calibre em você. Será preciso, portanto, rapidez para lidar com todos afim de continuar o caminho.
Os chefes do jogo talvez sejam o que o título tenha de mais trabalhado. Longe de ser algo inesquecível como chefes de grandes franquias, estes dão trabalho para serem enfrentados e exigem um pouco mais de sua habilidade para derrotá-los. Para manter o equilíbrio, o jogador terá a disposição movimentos especiais do capitão que ajudam a passar pelos oponentes de maneira mais rápida e eficaz. São golpes mais elaborados envolvendo o escudo ou mesmo o ataque físico que tiram mais energia do inimigo e serão essenciais para os chefes como Madame Hydra.
Todos esses golpes necessitam de uma barra de energia que é carregada quando você acerta os inimigos ou faz manobras especiais pelo caminho. Cada tipo de ataque ou golpe especial tem um “custo” dessa barra de de energia sendo o movimento “Super Soldier”, que dá nome ao jogo, a que exige uma barra inteira proporcionando ao capitão breves momento de força potencializada capaz de derrubar mesmo os mais fortes. Novamente temos um sistema de luta eficiente que joga ao seu favor e não contra você.
Os objetivos do jogo são bem claros e não será preciso quebrar a cabeça para saber onde deve-se ir e o que fazer, os objetivos aparecem na tela guiando o jogador para a conclusão dos capítulos.
Já o envolvimento com o game, como já deu para ter uma ideia, é um tanto quanto superficial; é notável a barreira entre o jogo e o jogador, algo que pouquíssimos títulos conseguem quebrar, e a sensação acaba sendo das mais tradicionais, ou seja, o velho controle na mão e game na tela.
Enquanto você não está lutando, um ponto chave é a exploração. Apesar de linear, sempre há rotas alternativas e outros caminhos a serem explorados. Neles é possível encontrar as inúmeras “intel”,que consistem em informações que devem ser recolhidas, ovos de cerâmica, rolos de filme, estátuas para destruir e o chamados canhões AA. Todos esses itens, que devem ser pegos ou destruídos, não afetam o andamento do jogo nem a história, mas servem para obter as conquistas.
Apesar de proporcionar algumas tarefas a mais, as mesmas parecem não ter nenhuma conexão com o enredo fazendo a gente se perguntar porque o Capitão América teria que pegar ovos de cerâmica no meio de um conflito e de situações tão mais importantes? É o tipo de ação inserida altamente superficial e desnecessária que parece desvirtuar os rumos que devem ser seguidos.
Se você não liga para conquistas ou não está fim de desbloqueá-las, o jogo torna-se então mais rápido e campanha principal pode ser terminada em menos tempo.
Na parte sonora, o game tenta reproduzir toda os efeitos do filme mas no entanto o faz de maneira apenas razoável. Os sons ambientes estão dentro da normalidade e a música ganha mais destaque quando se está lutando contra os inimigos. Em geral, sonoridade não é mais quesito ao qual eu me atenha tanto. Parece que nos game atuais, os sons, músicas e falas dos personagens são aspectos obrigatórios como um filme ou programa de TV, diferente do que acontecia antigamente em que a música era parte do game e dele não se desprendia.
Hoje temos outros fatores mais relevantes para discutir e como um todo, os games cumprem a tarefa de trazer algo no mínimo dentro dos padrões.
Se você assistiu o filme e quiser conferir o game, vai encontrar um pouco de diversão. Mas se espera uma boa adaptação, isso você ainda terá que esperar junto com outros gamers para ver se um dia alguém acerta.
Quando se trata de super-heróis, confesso que aqueles que vem dos gibis ou dos filmes já não possuem mais o dom de me inspirar a ser melhor e acreditar em mim mesmo, e quando estão dentro do universo dos videogame essa característica parece se perder de maneira mais intensa.
Capitão América, Homem Aranha e Hulk que me perdoem mas prefiro os heróis que nascem dos próprios videogames pois estão, de uma forma ou de outra, sempre se renovando, mantendo a integridade e principalmente o carisma...sou mais um Marcus Fenix, Leon ou meu querido Sonic, heróis que ainda me fazem sonhar e me proporcionam momentos de pura emoção como todo bom herói